Origens
O Azeite Castelo de Marvão nasce em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede. Criado em 1989, este espaço surpreende pela seu multiplicidade paisagística bem expressa na variedade da sua geologia e na sua extensa biodiversidade. O simples jogo de altitude e das variedades de exposição, o virar-se para norte ou para sul, refletem-se no coberto vegetal que espelha, de forma clara, as influências atlânticas e mediterrânicas.
A Serra de São Mamede constitui desde sempre porto de abrigo de espécies animais e vegetais diversas, algumas delas já extintas ou em vias de extinção – como é o caso do lince ibérico (Linx pardinus) – e que importa conservar, tais como a cegonha preta (Ciconia nigra) ou o grifo (Gyps fulvus), entre muitos outros.
Populações paleolíticas, árabes e romanas, gente medieval, todas deixaram marcas ao longo de um território em que a agricultura foi sempre a actividade dominante. Não é coincidência que num espaço relativamente restrito se encontrem tantos vestígios, alguns deles milenares – como é o caso da antiga cidade romana de Ammaia, actualmente em estudo e cuja grande relevância na antiguidade se confirma a cada nova descoberta – da presença e das actividades humanas.
O microclima da Serra de São Mamede, influenciado pela sua localização, orientação e altitude particulares, em conjunto com uma forte abundância de água, propicia Invernos rigorosos e Verões quentes e secos. A par dos sobreiros e dos castanheiros, as oliveiras são a espécie autóctone mais bem adaptada a este clima e a este território composto de encostas íngremes e pedregosas e vales férteis. É nestes montes e vales que os olivais centenários da família Melara Picado Nunes produzem a melhor azeitona galega, temperada com a influência atlântica e adoçada com os ares mediterrânicos, para dar origem a uma matéria-prima de excelência, de características aromáticas inimitáveis e muito apreciada desde a Antiguidade. Moeda de troca para o comércio e símbolo de riqueza e prosperidade, o azeite de Marvão que há mais de 2000 anos iluminava as ruas de Ammaia continua a poder ser apreciado à mesa ainda hoje, como produto de grande qualidade que merece ser preservado, honrando o espírito de conservação da Natureza que preside ao Parque Natural.
Ciente desta enorme herança, que é simultaneamente uma responsabilidade e um privilégio, o Lagar da Sociedade Agrícola António Picado Nunes, a laborar formalmente desde 1950, continua a trabalhar para honrar as suas origens e para continuar a dar ao mundo um dos melhores azeites do mundo.